16.12.09

Discrepâncias da Guitarra.

O selo começou onde a maioria finca raiz: flor. Sentido e sensação caminhavam entre os dedos do toque, faziam a curva dentre os fios dos cabelos jogados no travesseiro, ouviam as letras e cantavam a música que era todas as pequenas partes dos dois que haviam se tornado uma veia única, com laço de fita na ponta. Como num susto, o copo de vinho barato caía no colo e o amor sucumbia ao perfume.  Delirava, corria e socorria os pedaços de lucidez que ainda teimavam em permanecer sorrindo para o teto, puxando-os para dentro. Sorriam para as sensações quando sentiam, caminhavam entre as contas do pescoço, pairavam sobre o surdo e o mudo, como se nada fosse música, mas música fosse tudo.
Quando o sol subiu, o som diminuiu junto com as sombras, com as mágicas e com todas as perguntas que o dia ainda tinha para fazer à noite. A lua sorriu e foi embora, e o vazio fitou as fronhas e ficou. O destino não deixou recado e o vinho havia acabado, dentro e fora do corpo, em partes da alma, nos fios dos cabelos. No peito, bateu com uma lança e deixou em carne o que era flor, mas sem nenhum sangue. À espera do retorno, a fumaça abraçava o frio e acalentava o marasmo. O que restava do resto foi à varanda e e jogou as cinzas para o andar debaixo para ver se deixava rastro ou se atraía para que tudo voltasse ao normal. Maldito normal.
O céu era o mesmo, o vazio era o mesmo e nada continuava como sempre, nada era como antes, nada era o que a tal estrada prometia. Não havia palavra, não havia chamado, não havia nem maços de cigarro empacotados em papel jornal para o consolo dos dias vazios de trabalho, e a tal filosofia do amor e música se diluiam cada dia mais em copos seguidos de desamor e em crises existenciais, sutiãs que não servem mais, caixas de bombons que somem, tensões pré-menstruais e vazios que gostam de ser mães quando convém ou quando são bem-vindas pela imaginação que cuida do desejo de simpatia. Ô, porra.
Maldito, filho duma égua, cretino, ordinário, vagabundo, salafrário, duas caras, ordinário, mentiroso, pateta, filho da puta, acéfalo, bunda mole, babaca, banana, canalha, desgraçado, hipócrita, frouxo, covarde, idiota, ignorante, larápio, malandro, nojento, retardado, ridículo, panaca, patife, repugnante, ladrão, cachorro, verme, traidor, sem-vergonha, safado... oh, infernos!





9 comentários:

  1. putaqpariu! hahahah! Tudo isso em uma noite?
    Abraços!
    =D

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  2. Mesmo os discos bons tem uma ultima musica. Mesmo uma musica boa, tem um acorde final.

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  3. "volta, benzinho, volta" foi ótimo.
    bjs

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  4. puta merda, eu poderia inventar um comentário, e tal, mas eu fiquei realmente sem ter o que dizer.

    'a mesma veia de um só coração'

    mas a verdade é que ele comeu, e vazou.

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  5. aquela música em sustenido, se fez em bemol. ele estourou a corda mais imporante do violão e riscou a música preferida. ele vai voltar! ah! vai! embriaguez total!

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  6. Meu Deus, como pode alguém escrever assim, heim? Sou fã. De verdade. Caramba, cada vez que venho aqui, me surpreendo ainda mais.

    Grande beijo, e obrigada pelo incentivo lá no blog. Também penso assim, quando a gente acredita, acaba sendo.

    ;)

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  7. Caramba - love in vain - É uterino quase. Mas vai voltar no próximo fogão porque isso é amor antigo, viciante. Uma espécie de drogadicção de amor e blues.

    beijo.Mto bom.
    presta atenção nas mãos do Robert J. parecem garras.

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  8. genial! haha
    as imagem ficam lindas ao lado de um texto desses.

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  9. Ele volta baby.

    As imagens estão tão lindas.Junto com o texto é claro.

    beeiijoos.

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