12.12.09

Reticências.

Era fio descendo a garganta e frio na espinha e calor e tremor e tempo voando sem ver que a hora já havia passado. Perdeu-se um dia.
Morri de raiva quando vi que não havia morrido pela raiva que sentia, e os fios da garganta dissolveram-se em gosto seco e sem sentido. Parecia amargo e não era. Não era doce também. Um gosto oco, talvez.
Seca e surda para o som que aguardava, sentei e não chorei. Se veio depois, não sei. Se deixou gravado em algum canto, depois eu fico sabendo.
Só o que se sabe até agora é que tudo corre entre os dedos e foge feito areia, faz pensar na neve cinza, no copo vazio e em todos os estereótipos que a palavra "só" traz no bolso e na vitrolinha.

9 comentários:

  1. perde-se muito tempo com raiva. e raiva tem gosto estranho. como diz um conhecido, melhor fumar um cigarro, que nessas horas é nosso melhor amigo.

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  2. Seu final ficou legal. Tudo escapa mesmo pelos dedos, e parece que quanto mais a gente tenta segurra, mais as coisas vão se perdendo por aí.

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  3. Perco muitos dias assim, sem querer perder.

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  4. só, tipo de palavra que prefiro não escrever

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  5. Então que se encha o copo para pelo menos perder o dia em grande estilo!

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  6. Parace água, vento, fogo, ar. Não dá pra pegar. Jamais. Há coisas que não podemos ter. E tentar é sofrer.
    Daniel

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