12.2.10

Contrato VII.

Dancei. Envolvi-me em doce, procurei os cravos e encontrei as duas rosas que você deixou sobre a mesa. 
Lembro do perfume vermelho da vida, esqueço devagar a palidez da companhia. Ainda guardo os cravos vivos que encontrei no canto da sala, caídos no chão, procurando ajuda. 
Não entendi o motivo do corredor sofrido e da insistência para que eu fitasse todas as cenas asqueirosas que foram criadas pela sua mão e eu sempre soube que não eram reais, apesar da dor. 
Feliz fico pela tentativa falha em levar embora o que não te pertencia. Foi esforço físico, medo, movimentos aleatórios, mas o flagelo falacioso das ameaças de outra vida não conseguiram me convencer que eu fui vencida, apesar da aparência. 
Há minha dama e minha criança para me proteger na ponte entre o ontem e o amanhã. Não tente de novo.

11 comentários:

  1. me deu uma vontade repentina de recitar a ultima frase no ouvido de um certo alguém, deixando todas as letras em evidencia.
    sempre escreves coisas muitíssimo inteligentes, que dão gosto de ler.
    gosto muito do que há por aqui.

    ResponderExcluir
  2. minha dama e minha criança...
    a essa altura já até desisti de pensar se são reais... já fico (egoísmo sempre) pensando sobre minha dama e minha criança q vivem aqui no meu peito me ajudando a atravessar essa ponte,

    gosto demais do seu blog sabia?!?!
    bjos

    ResponderExcluir
  3. o engravatado sabe mesmo das coisas. cuidado para não desafinar ao atravessar a ponte

    ResponderExcluir
  4. Uauu que texto maraa.
    PARABÉNS.

    Gostei muitíssimo desse trecho:
    "Feliz fico pela tentativa falha em levar embora o que não te pertencia."

    ResponderExcluir
  5. Esse 'não tente de novo' foi o melhor ponto final para um texto bom como esse!
    Também gosto muito daqui.

    ResponderExcluir
  6. hje me deu uma vontade danada de beber café

    ResponderExcluir
  7. sabe o que mais me fascina? a busca pelos sentindos, tentando mimaginar o que se esconde por trás dessas palavras, se intimidar com tanta intimidade, como se algo em nós tivesse sido transcrito, é tão nosso e tão curioso cada texto, cada vão, cada verso.

    ResponderExcluir