23.11.09

Contrato III.


Chegou a hora da mancha ser cobrada, para que eu aprendesse a fazer o mesmo. Tentei pensar em fugir, mas desisti porque não conseguiria continuar se começasse. Aceitei o princípio que eu tomaria dali, e nasci. Doía tudo, inclusive (e principalmente) aquilo que eu não sabia o nome.
Parei de dar nomes as coisas, porque elas costumavam só ser coisas que eu tinha e não queria. Queria tudo aquilo que eu sabia que eu poderia nomear. O registro era caro, mas valeria a pena. Vale.
Quando comecei a sentir o cheiro - meio flor, meio cinzas - abriu-me na cabeça um apanhado de abandonos cometidos pelo meu sangue, trocado por um capricho. Não que eu fosse certo, só não era errado. Não chorei, não disse não. Veio.
Não demorou muito, havia um corte no braço. Abriram-se outros nas mãos, no peito e nas costas, mas o que mais me doeu foi o rosto, talvez fosse porque ele não havia mais (não sei). Mesmo que houvesse, hoje não há porque há o que quer haver.

Não sinto e não troco. Cumpro o pedido, cobro a troca.

Cheiro à lama, sento num banco à beira da estrada.


4 comentários:

  1. *medo

    eu sou de jeová, não posso ler isso.

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  2. e toque de costas, para que ninguém veja os acordes! é isso que lhe resta!

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  3. incrivelmente belo, sei lá pq me lembra João Cabral de Melo Neto.

    pensei mais, depois digo.

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  4. Não sinto e não troco. Cumpro o pedido, cobro a troca.

    acho q vou passar uns tres dias refletindo sobre isso.
    gostei e me identifiquei, mas nao sei pq

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