30.3.10

Melhor Que a Terra do Mágico de Oz.

Depois que as cores sumiram e se viu que o rubi, na verdade, era prateado de alumínio, as coisas sem gosto abriram margem para o leque de sabores que poderiam ter, e passaram a ter um diferente a cada dia.
A dosagem do tempero ficou mais maleável e tudo que era reto ficou torto, assim, todo mundo pode arriscar uns passos de dança dentre os sapateados antes da caída. Também puderam levantar mais rápido, porque a linha seguinte era sempre acima ou abaixo.
O lugar que parou de girar aprendeu a fazer trocas entre os lados opostos, se conheceram mais. Precisando de frio ou calor, o caminho era sempre abraçar o lado, descobrindo uma trilha diferente por dia de necessidade.
Ninguém ficou triste.

25.3.10

Fôlego.

Só quando nos perdemos em chão e terra e peito aberto é que a vida veio até nós e nos pegou pelo braço e sambou conosco numa mistura de sacodidas e carinhos e trilhas e mais trilhas corridas sem pausa e sem vírgulas e buracos e com muitos carros carregando pessoas pobres dentro da minha cabeça  vazia que se enche ao lado da cheia que transborda e da que não transborda e o fluxo sorrindo para mim como o gato de Cheshire sorri para todo mundo e para ninguém que não acredita nele e quem acredita também sorri para mim e dança e gira e a vida vai voando até que eu perca o fôlego e pare para respirar.

22.3.10

A Volta Do Meu Parafuso.

Ontem eu andei pensando que eu poderia pensar. Não um pensar pesado que pesasse demais para as costas, mas um bem leve, que eu pudesse confundir com fumaça e soprar só para ver se esvairia, para ver até onde iria, para onde quer que fosse. 
Se fosse, não seria fácil ver ir, mas poderia ser o que me faria sair da fossa feita de falhas do meu cérebro e de um pedacinho de pedregulho que me foi atirado outro dia, bem na cabeça. A aparência atual se mistura com estrada de terra e uma parte de um casebre úmido, mas continuariam sendo assim mesmo depois do pensamento pesado. O leve levaria.