Não preciso.
Não é preciso.
Preciso, é.
É preciso.
De repente, esqueci como se escreve precisão.
Vou acender a luz, descer as escadas, pisar nas escalas e dormir.
26.6.10
21.6.10
Manual do Manuel Mental.
Sem partes, arrotam nos que ficam. E os que vão embora? Ficam também, do lado de lá.
Apareceu o desconforto, que sentou no peito como quem nada quisesse, cansado de escutar Oh Boy, is you right? e outros mesmos toda vez que se tentava renovar o lido. Mudar dá trabalho. Preciso de emprego em algo mais.
Não reclamei quando a estranheza tomou meu suco e roubou o relógio do meu pulso. O bom de não ter tempo é que se tem mais paciência para consertar coisas compridas, cheias de cabelo, secreção, vermes e cheiro de ralo. As coisas insosas ela mantém, infelizmente, talvez com a esperança de que eu empregue mordida e perfume depois dos consertos e concertos que tentam embalar o sono e limpar a sujeira que os campos de algodão deixaram na passagem quase estadia. Sei que consigo, depois o tempo volta.
Há certos pulsos, não os meus, que não sinto mais. Uns trocaram de relógio, outros não têm bateria, outros foram pulsar em outro lugar. Continuo aqui, no mesmo lugar e prefiro que continue estranho e cutucando asco. Um dia, eu entendo e conto como funciona.
16.6.10
Copo de Leite e Suas Adaptações Nervosas.
Injustiça tua, heim!
- Minha? Não. Quem começou com isso foi você, eu só respondi.
Eu já te disse mil vezes que eu não fiz nada!
- Diz isso agora porque se arrependeu. Quem se arrepende é porque fez. Logo, você fez, sim.
Como é que você tem tanta certeza?
- Acabei de explicar, você não ouviu?
Agora me chama de surdo! Depois diz que foi eu quem começou com isso.
- Eu não te chamei de surdo, chamei de culpado que não ouve.
Você está é me rebaixando.
- Se você acha que eu estou te rebaixando, você acha que é maior do que pensa que eu te considero. Você está pensando que é maior que eu também, logo, é você quem está me rebaixando, não o oposto. Eu devia te bater, isso sim!
Acha que eu sou fraco?
- Não.
Então não me bate porque tem medo!
- Não tenho.
A única coisa que você não tem é coragem pra levantar a mão pra mim.
14.6.10
Bebedeira Aleatória.
Eu não agradeço e só percebo as coisas depois das coisas piores da vida terem machucado meus braços e pernas e corpo e vida e terem quase me levado a morte. Me castiga. Acontece que eu nunca quase morri. Acho que você devia ter me dado a chance, para que eu pudesse perceber quão grandes as coisas pequenas são, incluindo minha burrice e a autopiedade que come todos os meus dias úteis e inúteis.
Peço ajuda toda vez que tropeço, mas não levanto. Essa é que é a grande merda.
8.6.10
Nádegas a Declarar.
Apresento-lhes Betty Boonda: retrato das entranhas estragadas que a vida pede que se jogue fora.
Jogo, não jogo, empresto ou guardo pra mais tarde?
5.6.10
Início da Minha Reza Braba.
Pensei que fosse talvez, mas era às vezes. Bem diferente!
Quando acho que talvez tenha certeza, eu tropeço na linha da cabeça, subo até o infinito e vou direto para o chão. Não me sujo, mas esfrego até sair a pele ruim pra ficar só a boa. Quanto tempo isso demora, só Deus sabe. Eu ainda não perguntei a Ele.
Ah... mesmo que perguntasse, acho que eu não teria resposta até que eu mesma fosse capaz de respondê-las. A música, o toque, as cores... mesmo que tudo isso fosse sem sentido, eu sentiria, responderia a mim mesma e saberia as coisas da vida que sempre deixo de saber quando quero que sejam minhas todas as coisas vãs. Perco as sãs.
Eu cuspo no chão quando quero pensar melhor. É melhor o chão escorregar do que eu.
4.6.10
A Transição Entre Um e o Outro.
Eu me convido para muitas coisas, principalmente para entrar em outras vidas.
Quando peço licença, ando bastante e caio. Quando caio, vejo o céu, virada de barriga pra cima em um sonho muito louco de abraços que dizem que gostam muito de mim. É só sonho. E o sonho é só.
2.6.10
Cafeína.
Quando se cansa, descansa. Se pede, repete e dança. Corre e escorrega; se fica, pega. Não se sabe o mal que cabe dentro de uma só palavra assim: sim.
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