21.1.10

A Boba.

Tarde, a caneta apoiada na mesa sobre o papel desenhado em recados para quem não os leria tão cedo. Os sintomas começaram um pouco mais tarde, com o céu alaranjado, coberto pelo manto azul escuro.
Pontos de luz brincavam de charme e ela sucumbia. Amolecia o corpo, largava os braços para trás, sorria e suspirava fundo, como se o ar da cidade tivesse se transformado na atmosfera mais pura. Refrescava. Estava sozinha. Feliz por estar triste e não ser, porque era assim que as coisas eram na sua cabeça, e a cabeça ia para o mundo em reflexos que varriam o espaço.
Deicidiu acender a luz e abraçar o travesseiro. O travesseiro não teria graça sem luz, nem a luz teria graça sem abraço. O fez, desfez e voltou a pegar na caneta para continuar rabiscando. Abobou-se.
 

8 comentários:

  1. Machado de Assis?




    [brigado pela visita. Somos conterrâneos.]

    Até.

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  2. Que linda ela, que Pollyana!
    Queria ficar feliz por não ser mas estar triste.

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  3. mas a verdade é relativa, e eu fiquei curiosa.

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  4. é bom ficar boba de vez em quando...
    beijos

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  5. ah, é melhor abobar-se do que conter-se, não é?
    :)

    gente, adorei a trilha sonora daqui.
    estou seguindo.

    um beijo

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  6. nossa passei horas com o blog aberto pela trilha e não tinha lido nada rsrsrs valeu demais, eu volto sempre! ahh e Nina Simone ...demais......

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  7. ...adoro abraçar o travesseiro,
    e assim 'viajar', 'viajar',
    'viajar' pelos sonhos.

    bj

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